Neymar e o Mundo

A Chamada de Ancelotti

Ancelotti não se conteve: “Ele precisa estar pronto. É essencial.” Uma frase simples, mas cheia de peso. Como analista que acompanha mais de 100 jogos do Brasileirão e todas as mudanças táticas nas ligas europeias, sei que liderança não se ganha por nome — se conquista com atuação.

Neymar já não é só um jogador; é um símbolo. E símbolos não sobrevivem só no carinho.

Os Números Não Mentem

Falamos friamente: minha linguagem preferida são os dados.

Desde o retorno ao Santos em março de 2024:

• 12 jogos em todas as competições
• 3 gols, 3 assistências (todos na Copa São Paulo de Futebol Júnior)
• Apenas 4 partidas como titular no Campeonato Brasileiro Série A
• O Santos está na 15ª posição — apenas acima da zona de rebaixamento

Isso significa: Neymar jogou menos vezes que a maioria dos reservas em equipes médias. Em um país onde futebol é religião, isso não é apenas subperformance — é silêncio.

Quando você ganha mais de 5 milhões por temporada e é esperado como referência nacional, jogar apenas quatro vezes em meia temporada? Isso não grita preparação.

O Peso da Herança vs Realidade

Cresci em Nova York com raízes brasileiras — minha mãe era do Rio, meu pai americano. Andei pelas favelas onde crianças chutam bolas feitas de retalhos em ruas poeirentas. Elas não se importam com contratos ou campanhas publicitárias — importam-se com impacto.

Neymar representa esse fogo. Mas agora? Parece alguém treinando para um jogo amistoso enquanto o campeonato está no fim.

A ironia? Ele voltou ao Santos — não por glória ou orgulho — mas porque precisava distância da pressão constante. Justo. Mas tempo longe vira tempo perdido quando o país precisa dele mais do que nunca.

E aqui está o ponto-chave: mesmo que volte apto amanhã, seu atual nível carece de agilidade — exatamente aquilo necessário contra defesas elite como Alemanha ou Argentina nos mata-matas.