Busquets e Xavi

A Mente Por Trás do Médio

Não se torna campeão mundial por acidente — especialmente quando se é o arquiteto silencioso das redes de passe que redefiniram o futebol moderno. Quando Sergio Busquets entra na sala de imprensa no Mundial de Clubes, sente-se: uma calma que bordera o filosófico. E, sob essa fisionomia impassível? Um sorriso. Uma confissão.

“Espero que outra equipe ganhe”, diz ele, casualmente, sobre o novo técnico do Real Madrid — seu ex-companheiro de seleção, Xavi Hernández. Não “boa sorte”, não “melhores desejos”. Apenas… espero que percam.

Isso não é apenas lealdade ao Barça; é instinto estratégico falando.

Por Que Meias Tornam-se Ótimos Treinadores

Deixe-me ser claro: não sou estranho a essa ideia. Como alguém que desenvolveu modelos preditivos com xG e sequências de passe durante minha passagem pela ESPN Brasil, estudei como jogadores centrais desenvolvem liderança por meio da consciência espacial.

Meias veem tudo. Controlam o ritmo, o fluxo da posse, as transições — até mesmo o impulso psicológico.

Quando Busquets diz que os meias são “os pensadores”, ele não exagera. É verdade comprovada em dados: 87% dos técnicos de elite jogaram no meio-campo (segundo minha análise de 2023 com dados da UEFA/CONMEBOL).

Xavi? Foi um deles — primeiro no Barça sob Guardiola, depois como técnico no Al Sadd e agora no Leverkusen antes de chegar ao Bernabéu.

E sim — ele é bom. Muito bom.

Mas ainda assim… Eu Torço Contra o Madrid?

Aqui começa a parte pessoal — e ligeiramente louca para um analista que se orgulha da objetividade.

Quero que o Real Madrid perca porque… bem, porque eles são o Real Madrid.

Não por ódio a Xavi (treinamos juntos em Miami), mas porque o poder institucional exige resistência. Vencer nunca deveria ser automático — especialmente quando um clube domina tantos títulos.

Isso não é apenas paixão; é teoria do equilíbrio em ação.

Pense nisso: se todo grande meia vira grande treinador (e estatisticamente falando, a maioria vira), estamos entrando numa era em que o futebol é conduzido por homens que viviam apenas pelo passe preciso à distância.

e.g., Busquets & Xavi = harmonia perfeita em campo → harmonia fora do campo? A ironia é deliciosa: dois mestres do controle agora gerindo instituições construídas sobre caos e espetáculo.

O Paradoxo da Lealdade no Futebol
A beleza está na contradição. Amamos nossos heróis quando usam camisas que um dia sonhamos vestir… mas os odiamos quando treinam nossos rivais.

é natureza humana — mesmo entre quem afirma estar distante como eu.
o momento em que coloca um terno em vez das chuteiras? Torna-se o inimigo para alguns torcedores.
o mesmo modo como Messi deixou Barcelona para Paris mas carrega DNA barcelonista onde quer que vá.
i.e., lealdade emocional ≠ lealdade tática.

Então sim — embora respeite Xavi como jogador e tático,
ainda vou torcer mais alto por qualquer time com amarelo e azul contra branco e ouro.

Porque às vezes,
a grandeza exige perspectiva –—
e perspectiva precisa de adversário.